Passagens do Impossível
(Para Antônio Sodré, in memoriam.)
Se o escombro do assombro fosse um verso
E o universo, em meu ombro, um benifício
Se o acesso da festa fosse físsil
e o difícil se fizesse fácil...
Se a moça do sonho fosse tátil
e, de fato, florisse aos meus tratos
Se a flor que me desse me sorrisse
e, na flor do seu viço, me afagasse.
Se o desejo alcançado me bastasse
e a dor, que me mora, desistisse
Se a morte, na hora, se matasse
E, na última cartada, eu conseguisse...
Eu não seria de esmar, de errar tanto
Nem teria este ar de degolado
Ficaria alegrado no meu canto
Com o meu canto de alento, de legado.
Poema de Altair de Oliveira, In: "As Provisões Provisórias".
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